Há um tipo de filme que tem se mostrado bem recorrente no
cinema latino-americano nos últimos anos – os melodramas em que um personagem
taciturno e solitário acaba conhecendo alguma pessoa (namorada, amiga, filha,
etc) que quebra sua rotina e o obriga a encarar a vida de forma mais humana e
positiva. Tais produções geralmente se mostram áridas em suas concepções estéticas
e bem previsíveis no desenrolar de suas respectivas tramas. Dentro de tal
formatação, dá para lembrar logo de cara de obras como “Whisky” (2004), “O
segredo dos seus olhos” (2010), “Um conto chinês” (2011). Em determinados casos
tais trabalhos são modorrentos, em outros até são simpáticos, mas quase sempre
são perfeitamente esquecíveis. O colombiano “Caçando vagalumes” (2013) se
enquadra sem tirar nem por nessa linhagem de filmes. Por vezes, ele até dá uma
enganada, principalmente nas seqüências iniciais, com uma narrativa minimalista
e uma direção de fotografia que valoriza com sensibilidade a beleza rústica de
paisagens campestres. Quando a menina Valéria (Valentina Abril) entra em cena,
entretanto, a narrativa envereda de forma implacável por um lugar comum
tedioso. Falta vida e criatividade para a direção de Roberto Flores Prieto,
cujo estilo se limita a acomodar clichês formais e temáticos de forma pouco
imaginativa. Dependendo do contexto, pode acontecer da produção ganhar alguns
prêmios em alguma edição de curadoria pouco inspirada de um festival qualquer
(como efetivamente aconteceu em Gramado), mas para efeitos de se grudar no imaginário
do espectador, certamente o destino de “Caçando vagalumes” é o limbo do
esquecimento das obras anódinas.
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