quarta-feira, agosto 12, 2015

Quarteto Fantástico, de Josh Trank *1/2



Todas as divergências criativas entre o diretor Josh Trank e produtores em relação à realização de “Quarteto Fantástico” (2015) que têm aparecido na mídia em função do fracasso comercial do filme se refletem na própria obra. Do jeito que as coisas ficaram, é evidente uma falta de rumo artístico no filme. É como se o desejo de Trank em reformular radicalmente os clássicos personagens da Marvel se confrontasse com o tradicionalismo daqueles que queriam apenas uma divertida aventura escapista. Assim, fica comprometida a narrativa, que acaba carecendo de vigor e identidade. Cabe ressaltar que as mudanças promovidas pelo cineasta em relação às origens do supergrupo não se configuram como uma grande heresia que comprometesse a essência dos personagens. Em termos de comparação, é como se essa versão cinematográfica atual fosse o equivalente do exemplar “ultimate” do quarteto nos quadrinhos, enquanto aqueles trabalhos lançados em 2005 e 2007 se referissem aos heróis originalmente criados nos 60. Por esse viés, o conceito de atualização de Trank é até interessante no sentido de deixar os protagonistas e o contexto que os envolvem em sintonia com os dias correntes. O problema é que essa promessa de renovação só fica na intenção. Faltam cenas de ação mais convincentes e capazes de entusiasmar, além de tensão dramática naquelas cenas que seriam as mais cruciais. O roteiro monta uma trama aparentemente mais complexa, mas as soluções são apressadas e óbvias. Aliada a um elenco de interpretações caricatas e pouco carismáticas, o desastre é quase completo (dá para salvar algumas boas trucagens digitais). E a frustração é ainda maior quando se pensa que o nome de Josh Trank acabava atraindo boas expectativas, pois o cineasta havia apresentado uma boa mão para o gênero de aventura de super-heróis no ótimo “Poder sem limites” (2012).

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