Todas as divergências criativas entre o diretor Josh Trank e
produtores em relação à realização de “Quarteto Fantástico” (2015) que têm
aparecido na mídia em função do fracasso comercial do filme se refletem na própria
obra. Do jeito que as coisas ficaram, é evidente uma falta de rumo artístico no
filme. É como se o desejo de Trank em reformular radicalmente os clássicos
personagens da Marvel se confrontasse com o tradicionalismo daqueles que
queriam apenas uma divertida aventura escapista. Assim, fica comprometida a
narrativa, que acaba carecendo de vigor e identidade. Cabe ressaltar que as
mudanças promovidas pelo cineasta em relação às origens do supergrupo não se
configuram como uma grande heresia que comprometesse a essência dos
personagens. Em termos de comparação, é como se essa versão cinematográfica
atual fosse o equivalente do exemplar “ultimate” do quarteto nos quadrinhos,
enquanto aqueles trabalhos lançados em 2005 e 2007 se referissem aos heróis
originalmente criados nos 60. Por esse viés, o conceito de atualização de Trank
é até interessante no sentido de deixar os protagonistas e o contexto que os
envolvem em sintonia com os dias correntes. O problema é que essa promessa de
renovação só fica na intenção. Faltam cenas de ação mais convincentes e capazes
de entusiasmar, além de tensão dramática naquelas cenas que seriam as mais
cruciais. O roteiro monta uma trama aparentemente mais complexa, mas as soluções
são apressadas e óbvias. Aliada a um elenco de interpretações caricatas e pouco
carismáticas, o desastre é quase completo (dá para salvar algumas boas
trucagens digitais). E a frustração é ainda maior quando se pensa que o nome de
Josh Trank acabava atraindo boas expectativas, pois o cineasta havia
apresentado uma boa mão para o gênero de aventura de super-heróis no ótimo “Poder
sem limites” (2012).
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