Por mais que “Intocáveis” (2011), filme anterior de grande
sucesso comercial dos diretores franceses Eric Toledano e Olivier Nakache,
estivesse marcado por convencionalismos emocionais e formais, havia uma certa
elegância e vigor no filmar que faziam com que a obra não caísse numa modorra
criativa. A narrativa conseguia se equilibrar em um tênue limite entre o melodrama
desbragado e a combinação bem amarrada entre dramaticidade e bom humor. Em “Samba”
(2014), trabalho mais recente dos cineastas mencionados, o aludido equilíbrio
artístico vai para o espaço de forma irremediável. Por mais que a trama evoque
temas pertinentes da atualidade como a questão dos imigrantes na França e a
depressão e solidão na sociedade ocidental contemporânea, tudo acaba soando forçado
e descompassado no filme, fruto das escolhas artísticas infelizes de seus
realizadores. Conflitos e dilemas são expostos de forma esquemática e sem
sutileza, com o roteiro sempre apontando para soluções simplórias e banais.
Falta densidade dramática para as situações limites da trama, assim como as
caracterizações dos personagens são destituídas de vida e substância. Aliás, a
falta de consistência da direção de Toledano e Nakache contamina as atuações do
elenco – bons atores como Tahar Rahim e Charlotte Gainsbourg estão opacos em
cena. Na verdade, os equívocos de “Samba” são o reflexo perfeito da crise artística
que assola boa parte das produções francesas nos últimos anos, em que em nome
de uma maior acessibilidade junto ao grande público se acaba sacrificando noções
importantes como profundidade existencial e inquietações estéticas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário