sexta-feira, agosto 14, 2015

Samba, de Eric Toledano e Olivier Nakache *


Por mais que “Intocáveis” (2011), filme anterior de grande sucesso comercial dos diretores franceses Eric Toledano e Olivier Nakache, estivesse marcado por convencionalismos emocionais e formais, havia uma certa elegância e vigor no filmar que faziam com que a obra não caísse numa modorra criativa. A narrativa conseguia se equilibrar em um tênue limite entre o melodrama desbragado e a combinação bem amarrada entre dramaticidade e bom humor. Em “Samba” (2014), trabalho mais recente dos cineastas mencionados, o aludido equilíbrio artístico vai para o espaço de forma irremediável. Por mais que a trama evoque temas pertinentes da atualidade como a questão dos imigrantes na França e a depressão e solidão na sociedade ocidental contemporânea, tudo acaba soando forçado e descompassado no filme, fruto das escolhas artísticas infelizes de seus realizadores. Conflitos e dilemas são expostos de forma esquemática e sem sutileza, com o roteiro sempre apontando para soluções simplórias e banais. Falta densidade dramática para as situações limites da trama, assim como as caracterizações dos personagens são destituídas de vida e substância. Aliás, a falta de consistência da direção de Toledano e Nakache contamina as atuações do elenco – bons atores como Tahar Rahim e Charlotte Gainsbourg estão opacos em cena. Na verdade, os equívocos de “Samba” são o reflexo perfeito da crise artística que assola boa parte das produções francesas nos últimos anos, em que em nome de uma maior acessibilidade junto ao grande público se acaba sacrificando noções importantes como profundidade existencial e inquietações estéticas.

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