quarta-feira, agosto 19, 2015

Missão impossível - Nação secreta, de Christopher McQuarrie ***1/2


O novo capítulo das aventuras do agente Ethan Hunt (Tom Cruise) em termos de estrutura de narrativa pouco difere dos filmes anteriores da série. Há uma grande conspiração internacional que motiva Hunt e seus parceiros a viajar ao redor do mundo, com direito a pontuais viradas na trama, surpreendentes ou não, além de três ou quatro apoteóticas sequências de ação. O que faz a diferença em cada episódio da franquia é o tipo de abordagem formal que o diretor responsável resolve adotar para direcionar a narrativa. Em “Missão impossível: Nação secreta” (2015), o cineasta Christopher McQuarrie surpreende nas suas escolhas estéticas e temáticas ao procurar um viés mais sutil. É claro que estão lá as cenas de ação baseadas em encenação e efeitos apoteóticos (a abertura com o protagonista se segurando na porta de um avião em pleno vôo pelo lado de fora é um primor de exagero que beira o delirante). Predomina, entretanto, uma atmosfera mais cool nos desdobramentos da trama ao invés do tom frenético constante que é primordial na maioria das produções contemporâneas do gênero aventura. É exemplar desse direcionamento toda a extraordinária sequência na ópera “Turandot” de Puccini num teatro vienense, com uma encenação elegante e precisa na sua combinação de violência, ação e música. O truque de usar a evolução de uma música clássica numa apresentação para marcar a ascensão e ápice de uma seqüência de ação não é exatamente uma novidade (conforme aquela passagem antológica de “O homem que sabia demais” de Hitchcock), mas McQuarrie conduz tudo com uma elegância formal tão notável que tal recurso acaba se tornando até mesmo surpreendente. Ainda que o seu terço final apele para convencionalismos e simplificações e no conjunto geral não tenha a mesma excelência artística do primeiro “Missão Impossível” (1996) dirigido pelo mestre Brian De Palma, “Nação secreta” se coloca entre as melhores produções da série e um dos grandes destaques no gênero aventura de 2015 ao lado de “Mad Max: A estrada da fúria” e “Hacker”.

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