terça-feira, dezembro 13, 2016

De Palma, de Noah Baumbach e Jake Paltrow ***1/2

A filmografia do diretor norte-americano Brian De Palma é marcada por uma grande depuração da linguagem cinematográfica. Como ele mesmo declara em um determinado do documentário “De Palma” (2015), para ele o roteiro tem a função de preencher uma concepção estética e narrativa que vem em primeiro lugar na sua mente. Os cineastas Noah Baumbach e Jake Paltrow, realizadores da mencionada produção documental, se mostram em sintonia com tais preceitos artísticos do seu protagonista, fazendo com que o filme se baseie quase que exclusivamente em longos depoimentos de De Palma dissecando cada uma das produções que dirigiu. Além do detalhar o contexto histórico de realização delas, ele discute o seu método de trabalho, principalmente em termos de encenação, truques estéticos e concepção visual. Impressiona a autoconsciência que De Palma demonstra nessa entrevista em relação a sua carreira, no sentido de como depura as suas influências, principalmente no caso de Hitchcock, e discute com lucidez sobre a recepção de seus filmes por parte de público e crítica. Nesse último quesito, boa parte daqueles filmes que muitos consideraram fracassos artísticos e comerciais em suas respectivas épocas de lançamento com o tempo mereceram uma revisão mais cuidadosa e tiveram os seus vários méritos artísticos reconhecidos. Tal fenômeno se relaciona com a sofisticação da abordagem formal de De Palma, cuja apreensão sensorial por parte das plateias exige um olhar mais amplo do que o mero interesse por entretenimento rápido. Para incrementar esse panorama artístico sobre o ato de fazer cinema, Baumbach e Paltrow inserem trechos significativos de todos os filmes discutidos em cena, bem como de obras que influenciaram De Palma. Assim, o espectador entra numa atordoante viagem sensorial dentro da mente de pura lógica cinematográfica de De Palma.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Pretendo assistir nesse final de semana