segunda-feira, dezembro 19, 2016

Maresia, de Marcos Guttman **1/2

Existem filmes que cativam mais pelos conceitos que procura trabalhar do que pelo seu resultado final propriamente dito. “Maresia” (2015) é um caso exemplar disso. Dá para perceber algumas nuances interessantes no roteiro, principalmente no que diz respeito a relação que se estabelece entre o especialista em arte Gaspar e o seu objeto de estudo, o pintor falecido Emilio Vega, ambos interpretados com forte intensidade por Júlio Andrade, em que os detalhes obscuros da vida de Vega parecem determinar os tormentos existenciais de Gaspar. Além disso, o filme apresenta uma direção de fotografia expressiva, que sabe valorizar tantos as belas paisagens do Rio de Janeiro quanto criar uma atmosfera sombria. Esses elementos promissores, entretanto, não conseguem se conciliar dentro de uma narrativa satisfatória. O roteiro se perde em viradas novelescas, além de seu subtexto ser esmiuçado sem maiores sutilezas. O tom contemplativo da abordagem do diretor Marcos Guttmann cai no enfadonho em algumas sequências, faltando para o filme uma mecânica narrativa mais ágil e contundente.

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