quarta-feira, dezembro 07, 2016

O filho eterno, de Paulo Machline *1/2

O que torna “O filho eterno” (2016) uma adaptação cinematográfica frustrante do romance original de Cristóvão Tezza não é simplesmente o fato de tal versão não ser fiel ao livro em questão, mas o fato de representar uma medíocre antítese da proposta artística contundente de Tezza. Afinal, a mencionada obra literária apresenta uma engenhosa combinação entre a ficção e o real para tratar da complexa relação entre o escritor e seu filho com Síndrome de Down, com sutilezas narrativas da prosa que apresentam uma carga simbólica e existencial desconcertante e que também versam sobre o confronto do conteúdo idealista e apolíneo da arte com a crueza emocional do cotidiano e dos sentimentos humanos. Nada disso está presente no filme de Paulo Machline, que se contenta em enquadrar a história do original literário numa formatação asséptica e previsível, diluindo a contundência dos conflitos e dilemas da temática numa fórmula de soluções fáceis e edificantes, fazendo tudo parecer uma novelinha global qualquer.

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