quinta-feira, julho 06, 2017

A jovem rainha, de Mika Karismäki *1/2

Como explicar que o mesmo diretor dos idiossincráticos e criativos documentários “Tigreros” (1994) e “Moro no Brasil” (2002) é também responsável por uma obra tão enfadonha quanto “A jovem rainha” (2015)? Talvez o finlandês Mika Kaurismäki precisasse pagar as contas ou mesmo devesse algum favor a um produtor, mas o fato é que esse seu filme mais recente recebe um tratamento formal-temático bastante derivativo e desinteressante. Não dá para dizer que a premissa principal de sua trama e o fato da narrativa se vincular ao gênero do “filme de época” sejam desculpas fundamentais para o resultado final frustrante. O roteiro até esboça algumas situações potencialmente interessantes envolvendo questionamentos sobre a opressão social e moral do poder patriarcal político e um possível e explosivo romance lésbico. Nas mãos de um cineasta disposto a esmiuçar tais nuances e ousar em termos estéticos, poderia render algo de memorável (dentro de tal concepção, é só lembrar, por exemplo, do polêmico e extraordinário “A rainha Margot”). Do jeito que Kaurismäki leva as coisas, entretanto, tais expectativas caem por terra, vide uma encenação mofada, um formalismo bem-comportado e um roteiro que vai se aprofundando numa breguice novelesca e previsível.

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