quarta-feira, julho 12, 2017

Neve negra, de Martín Hodara **

O cinema “mainstream” argentino costuma ser elogiado por um certo padrão de qualidade em suas produções, principalmente no que diz respeito à narrativa adequada aos padrões convencionais (e também comerciais) estabelecidas pelos grandes estúdios norte-americanos (e que, por tabela, se estendem a outras escolas cinematográficas ocidentais). Dessa forma, há uma quantidade razoável de filmes portenhos que se mostram acessíveis ao público em geral, ainda que em boa parte de tais obras fique evidente um caráter asséptico e derivativo em suas respectivas concepções artísticas. Esse é justamente o caso de “Neve negra” (2016) – há a impressão constante ao se assistir ao filme que o diretor Martín Hodara segue um manual de como fazer um trabalho no gênero suspense de acordo com todos os clichês e ditames narrativos e temáticos inerentes a esse tipo de produção. Os elementos formais se colocam em cena de forma correta, mas sem qualquer traço de ousadia e criatividade. Por mais que o roteiro possa evocar questões tabu como o incesto e algumas sequências vazem momentos de maior violência gráfica, tais aspectos são abrandados pelo tratamento artístico destituído de vigor de Hodara. Ou seja, no geral “Neve negra” não chega a ser exatamente ruim e é capaz de entreter as plateias menos exigentes, mas também está bem longe de ser considerado algo de memorável.

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