terça-feira, julho 04, 2017

Stefan Zweig - Adeus, Europa, de Maria Schrader ***

Ainda que vinculado ao gênero do drama biográfico, “Stefan Zweig – Adeus, Europa” (2016) não tem como principal intenção temática fazer um grande resumo sobre a vida de seu protagonista. Dentro da concepção artística-existencial da diretora Maria Schrader, mais importante seria fazer uma espécie de retrato de uma nebulosa sensação de desconforto espiritual-filosófico de um imaginário coletivo diante do avanço inexorável da barbárie sócio-política-cultural na sociedade ocidental da primeira metade do século XX. Dentro de tal ambientação narrativa e histórica, a opção da cineasta em termos de abordagem emocional e estética é por um formalismo contido e por um roteiro sem grandes reviravoltas dramáticas (com exceção, é claro, da sequência final na revelação do suicídio duplo de Zweig e sua esposa), formando um conjunto narrativo sereno e cinzento, por vezes quase tedioso, mas que oferece a moldura adequada para o sombrio subtexto de sua trama, e que acaba ganhando uma ressonância ainda mais perturbadora quando se pensa na atual conjuntura mundial política e social.

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