Inicialmente, cabe ressaltar que o diretor de “Fome” (2008) não é o falecido astro de clássicos como “A Mesa do Diabo” ou “Fugindo do Inferno”. Mesmo assim, tendo em vista a virulência desse seu filme, demonstra ao menos ter culhões parecidos ao de seu homônimo. “Fome” é uma verdadeira porrada cinematográfica, em qualquer sentido que se possa pensar. Focando as relações turbulentas entre ativistas do IRA, presos numa instituição inglesa, e autoridades britânicas, McQueen conduz uma narrativa sufocante, em que a radicalização do conflito vai se intensificando a um ponto cada vez mais dramático. Das surras brutais desferidas pelos guardas nos prisioneiros até a fatal greve de fome que vitimiza o protagonista Bobby Sands (Michael Fassbender), não há atenuantes para a permanente tensão que paira em “Fome”. O alívio só vem para o expectador brevemente nos últimos momentos que antecedem a morte de Sands, quando idílicas imagens juvenis invadem a sua mente. Vale destacar ainda o inesquecível plano seqüência estático em que Sands justifica para um padre os motivos que validam o seu auto-sacrifício, expostos através de uma lógica perturbadora.
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