segunda-feira, novembro 23, 2009

Katyn, de Andrzej Wadja ****


Em “Katyn” (2007), o veterano diretor polonês Andrzej Wadja está distante da linguagem mais experimental de alguns de seus filmes das décadas de 50 e 60. Esse maior convencionalismo formal, entretanto, não significa uma menor contundência. Usando de uma moldura de melodrama clássico e de uma sombria direção de fotografia, Wadja oferece um retrato sufocante de um dos episódios mais nefastos do 2ª Guerra Mundial, o massacre de oficiais poloneses praticado pela União Soviética na floresta de Katyn. “Katyn” não traz soluções milagrosas ou atenuantes edificantes dentro de sua sóbria narrativa. A estrutura da trama oferece um teor investigativo, em que passado e presente se entrecruzam na busca da verdade dos fatos. A realidade aos poucos vai sendo dissecada e o tom de desesperança torna o filme cada vez mais tenso até se chegar à seqüência final dos assassinatos dos oficiais, em que Wadja se utiliza de um estilo quase documental na frieza objetiva com que filma as execuções.

E por falar em filmes sobre 2ª Guerra, não há como não fazer a comparação: se Quentin Tarantino abusou da ironia e do irreal para construir a sua visão pessoal sobre o conflito em questão e acabou obtendo um resultado fabuloso em “Bastardos Inglórios”, Wadja utilizou um caminho totalmente inverso dentro da mesma temática que resultou em um filme igualmente extraordinário.

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