Assistindo ao desenrolar de “Burlesque” (2010), pode-se fazer um filmezinho imaginário nas nossas cabeças sobre o que pode ter acontecido no processo de realização do filme. A primeira metade da produção faz supor que todos estavam se esforçando em entregar um produto no mínimo digno. A combinação de uma modernidade “estilo MTV” e referências retrô de musicais revelam certo cuidado estético nas coreografias de canto e dança, a real essência do filme – até porque a puerilidade do roteiro é algo definitivamente a não se levar a sério (e nem é um grande problema em si – afinal, Paul Verhoeven filmou uma história muito semelhante na obra-prima “Showgirls”). A metade final de “Burlesque”, contudo, parece evocar os respectivos estrelismos de suas protagonistas Cher e Christina Aguilera. Dá para imaginar elas gritando com o diretor Steven Antin: “Vamos parar com essa bobagem artística e mostrar para os nossos fãs o que eles realmente querem”. E daí tudo descamba para uma egotrip dupla. Os números musicais caem de vez para um formato banal de clips promocionais dos talentos vocais das mesmas. Pode ser que agrade aos apreciadores das meninas, mas quem está ali só pelo filme sai perdendo.
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