sexta-feira, fevereiro 25, 2011

O Ritual, de Mikael Hafström *1/2


“O Ritual” (2010) é mais uma derivação, com poucas variações, do clássico “O Exorcista” (1973). Na verdade, isso não chega a ser um grande problema (afinal, mais de 90% dos filmes com temática sobre possessões demoníacas são decalques da obra-prima de William Friedkin). O que realmente incomoda nessa produção dirigida por Mikael Hafström é o fato da mesma não se decidir entre ser um drama a discutir os limites entre a fé e o charlatanismo ou partir definitivamente para o horror explícito com direito a todos os efeitos especiais e escatologias inerentes ao gênero. Em grande parte de sua duração, a narrativa se propõe como uma obra que transita de forma difusa entre o delírio e o sobrenatural. No terço final, entretanto, assume-se como mais uma história a mostrar um duelo entre o bem (padres) e o mal (o demônio). Só que Hafström não tem um décimo do talento de Friedkin em termos de ousadias formais, fazendo que “O Ritual” não convença como obra “séria” a versar sobre exorcismos e muito menos como exemplar digno do cinema fantástico (afinal, é incapaz de gerar algum susto decente para as platéias). Elementos como os cenários em Roma e a presença de alguns bons atores como Ciarán Hinds e Toby Jones, no final das contas, servem apenas como perfurmaria incapaz de sustentar o filme. Até mesmo Anthony Hopkins parece estar desdenhando de tudo, limitando-se a macaquear alguns trejeitos do velho e bom Hannibal Lecter. No final das contas, “O Ritual” parece ter vergonha de ser um filme de horror, inserindo elementos pretensamente baseados em fatos reais que poderiam lhe dar legitimidade, mas que acabam apenas por o tornar um filme sem personalidade.

Um comentário:

Pedro Henrique Gomes disse...

Putz. É muito ruim!!!