Apesar do permanente ar canastrão de Nicolas Cage e da direção de arte preguiçosa, “Caça às Bruxas” (2010) consegue se elevar um pouco acima da média dentro do gênero aventuras medievais. As cenas de ação não economizam na sanguinolência e a caracterização suja de miséria e doença mostra uma preocupação em não se soar tão asséptico naquele tradicional padrão de produções holywoodianas. É interessante também observar que em boa parte da trama prevalece uma atmosfera ambígua, deixando o espectador em constante dúvida se está diante de uma narrativa fantasiosa, que evoca o sobrenatural, ou se esse lado místico é fruto do obscurantismo dos dogmas religiosos da época. É justamente nesse aspecto dúbio que se concentra a fonte da tensão de “Caça às Bruxas”. No terço final do filme, entretanto, isso se dissolve na resolução mecânica do roteiro – a trama fica resumida no velho embate entre o bem e o mal, além da encenação se tornar bem menos inspirada e incapaz de gerar a sensação de medo que uma obra de horror exige.
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