quarta-feira, fevereiro 09, 2011

Inverno da Alma, de Debra Granik ***1/2


A meia hora inicial de “Inverno da Alma” (2010) parece obedecer a uma certa fórmula de produções independentes norte-americanas estilo Sundance: estilo realista/naturalista, narrativa lenta, fotografia de tons que beiram o documental, roteiro que alude questões sociais. Com o desenrolar da trama, entretanto, o filme vai adquirindo contornos mais interessantes até se converter em um assustador conto gótico. A produção traz uma abordagem desconcertante ao revelar um olhar que transita entre o real e a impressão do imaginário. Os nativos do interior do Missouri são retratados de forma quase mítica, apresentados como seres impenetráveis de poucas palavras e modos rudes. Trazem parentesco com aqueles caipiras dementes e violentos do clássico “Amargo Pesadelo” (1972). Em sua composição visual, o filme troca, progressiva e sutilmente, o registro seco das regiões montanhosas onde se desenrola a história do filme e adota um estilo de direção de fotografia que cria atmosferas sombrias típicas do gênero horror. Nesse sentido, é antológica a seqüência em que a protagonista Ree (Jennifer Lawrence), ao lado de senhoras que evocam figuras de feiticeiras, faz uma busca noturna pelo corpo do seu pai em um asqueroso pântano. Para sublinhar essa ambientação dúbia e atemporal, uma trilha sonora repleta de primitivos temas de inspiração blues e folk.

3 comentários:

pseudo-autor disse...

Não achei tudo isso que a crítica falou a respeito do filme, mas por se tratar de uma produção indie mereceu certamente a indicação ao Oscar. E a atriz é muito boa!

Cultura na web:
http://culturaexmachina.blogspot.com

Pedro Henrique Gomes disse...

Pra mim o melhor dos indicados, depois de Bravura Indômita.

Tchê, falei de Cisne Negro lá no blog, se quiser ler. Abs!!!

André Kleinert disse...

Não vi ainda o "Discurso do Rei", "Bravura Indômita" e o "127 Horas", mas dos indicados a melhor filme do Oscar os que mais gostei foram "A Rede Social" e "O Vencedor".