Em “Ta Rindo do Quê?” (2009), Adam Sandler vivia o papel de um comediante veterano e famoso que se notabilizara como astro em comédias cretinas e que se descobria com câncer, o que fazia com que ele fosse obrigado a realizar uma reflexão sobre a sua vida e a sua arte. O tom do filme era do humor amargo, e de certa forma dava a impressão configurar uma espécie de espelho das escolhas artísticas do próprio Sandler. Assim, não deixa de ser irônico que um dos trabalhos posteriores dele seja justamente esse “Esposa de Mentirinha” (2011), mais uma produção medíocre que entra para a conta do ator. O filme parece obedecer a um padrão de uma linha de montagem que Sandler vem se especializando: a de comédias familiares em que ele faz um cara meio cafajeste e conquistador que se mete em determinado caso de mal entendido e acaba recebendo lições de vida de algum coadjuvante (geralmente uma criança engraçadinha). O problema em “Esposa de Mentirinha” nem é tanto o seu aspecto formulaico ou a cretinice de algumas seqüências, mas sim a aparente falta de convicção da obra em se assumir dentro do seu gênero. Os momentos de escrachos são encenados tão no piloto automático que parecem revelar até um certo constrangimento por parte de Sandler em estar fazendo parte da produção. E o lado dramático é tão caricatural e meloso que nem dá para considerar digno de nota. No cômputo geral, mesmo dentro do padrão de Sandler, o filme é decepcionante, até porque o ator já vinha de uma parceria bem sucedida com o diretor Dennis Dugan no bom “Gente Grande” (2010).
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