Se em “Capitalismo: Uma História de Amor” (2009) Michael Moore mostrava um olhar atônito sobre a crise econômica mundial que eclodiu em 2008 e suas conseqüências na sociedade norte-americana, em “Trabalho Interno” (2010) as intenções são mais ambiciosas. Utilizando uma linguagem técnica para falar de conceitos econômicos, e que pode até soar hermética para não iniciados, o diretor Charles Fergunson busca explicitar com detalhes todas as causas que levaram os mercados financeiros de vários países ao colapso. O espectador é bombardeado com uma série de dados históricos, explicações e imagens repleta de siglas e números infindáveis. É provável que não se apreenda tais noções em sua totalidade, mas a dinâmica narrativa do documentário torna palatável essa quantidade imensa de informações, fazendo com que o filme não caia em um caráter meramente didático.
Assim como Moore, Fergunson dispõe de truques eficientes na composição humana de “Trabalho Interno”. Dessa forma, os depoimentos assépticos e de tom impessoal de alguns dos principais responsáveis pela quebradeira geral do sistema financeiro se contrapõem de forma chocante com o resultado social de tal episódio, assim como as entrevistas com teóricos renomados mostram como tal tragédia poderia ter sido evitada. É claro que ao abusar de tais expedientes, Fergunson cai em certos maniqueísmos, caracterizando sua temática pela divisão de pólos entre malvados e suas vítimas. Obviamente, muitas pessoas foram ludibriadas pelas regras econômicas e financeiras que provocaram a crise, mas tal crise também é fruto de todo um sistema de valores sociais, culturais e educacionais típicos de uma comunidade ocidental capitalista. Fergunson crítica os tubarões de Wall Street e da Casa Branca, mas não questiona o sistema que gera esse tipo de gente.
Apesar deste posicionamento ideológico discutível, “Trabalho Interno” não deixa de ser um feito considerável no gênero documental ao conseguir combinar de forma satisfatória um rebuscado trabalho formal de montagem e fotografia com um lado temático de conscientização de sua platéia.
Assim como Moore, Fergunson dispõe de truques eficientes na composição humana de “Trabalho Interno”. Dessa forma, os depoimentos assépticos e de tom impessoal de alguns dos principais responsáveis pela quebradeira geral do sistema financeiro se contrapõem de forma chocante com o resultado social de tal episódio, assim como as entrevistas com teóricos renomados mostram como tal tragédia poderia ter sido evitada. É claro que ao abusar de tais expedientes, Fergunson cai em certos maniqueísmos, caracterizando sua temática pela divisão de pólos entre malvados e suas vítimas. Obviamente, muitas pessoas foram ludibriadas pelas regras econômicas e financeiras que provocaram a crise, mas tal crise também é fruto de todo um sistema de valores sociais, culturais e educacionais típicos de uma comunidade ocidental capitalista. Fergunson crítica os tubarões de Wall Street e da Casa Branca, mas não questiona o sistema que gera esse tipo de gente.
Apesar deste posicionamento ideológico discutível, “Trabalho Interno” não deixa de ser um feito considerável no gênero documental ao conseguir combinar de forma satisfatória um rebuscado trabalho formal de montagem e fotografia com um lado temático de conscientização de sua platéia.
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