quarta-feira, março 30, 2011

Incêndios, de Dennis Villeneuve **1/2


Assim como “Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles” é sintomático dos problemas de boa parte das produções atuais de ação norte americanas, “Incêndios” (2010) é reflexo do beco sem saída criativo no qual se encontra uma considerável parte das produções ditas “de arte” ou “alternativas” fora do eixo hollywoodiano. O filme apresenta algumas soluções formais elegantes (como aquele plano sequência inicial com os garotos “feios, sujos e malvados” tendo seus cabelos raspados ao som de um tema musical sombrio do Radiohead) e contundentes (as cenas do massacre no ônibus são uma porrada em termos de violência e crueza). A temática envolvendo guerra civil no Líbano, fanatismo religioso e conflitos familiares pode parecer áspera, mas é atraente para aquele perfil “filme de festival”. No saldo geral, a proposta estética do filme é convencional e linear (mesmo com todas as idas e vindas no tempo), com a narrativa privilegiando mais o desenvolvimento da trama do que a busca de maiores arrebatamentos formais. E é justamente aí que as coisas complicam para “Incêndios”. Por mais que o roteiro guarde surpresas e carregue no tom trágico (com direito, inclusive, a um excesso de coincidências e golpes do destino que beiram a pura fantasia), os exageros dramáticos da narrativa beiram o novelesco, com fins claramente apelativos de comover as platéias. Ser apelativo, entretanto, não chega a ser um defeito por si só. Incomoda é que justamente o filme se leva muito a sério nesse aspecto. O que era até para ser irônico nas suas nuances acaba descambando para um broxante tom edificante.

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