Em termos teóricos, pensar na concepção formal de “Léo & Bia” (2010) poderia gerar interesse em relação ao filme. Propondo-se como um exercício estético que investe nas conexões entre teatro e cinema, com direito a elementos de metalinguagem, a transposição para as telas da peça teatral de autoria do trovador Oswaldo Montenegro, também diretor do filme, acaba ficando muito aquém de suas intenções. A encenação da trama é marcada por excessiva empostação e pouca fluência narrativa, dando a impressão de puro teatro filmado. Talvez se a obra de dramaturgia que deu origem ao filme tivesse algum estofo dramático de peso poderia compensar os equívocos de sua transposição para o cinema, mas esse não é o caso aqui. As caracterizações dos personagens são bastante baseadas em estereótipos caricaturais e irritantes – eles não conseguem dialogar entre si com naturalidade, com suas falas caindo mais para os tons discursivos ou para citações engraçadinhas. A esquematização do roteiro é artificial demais, beirando um didatismo anacrônico na sua intenção de mostrar os conflitos da juventude no auge da ditadura militar brasileira, reinando uma incômoda atmosfera narcisista no retrato que Montenegro mostra de sua geração (ideia reforçada pela apresentação que Paloma Duarte faz no início da obra). Mas é aquela coisa: não sou grande apreciador das canções de Oswaldo Montenegro e nem vi a peça original nos anos 80. Assim, é provável que seus fãs desfrutem melhor da sua estreia como cineasta...
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