É claro que dentro das atuais regras de cinema comercial, determinados gêneros obedecem a um rigoroso padrão estético e narrativo. Ainda mais nas animações, que têm envolvida nos seus lançamentos uma série de promoções típicas relacionadas ao marketing infantil. Eventualmente algumas produções conseguem transcender sobre tais convenções, mas a realidade é que a ousadia passa longe da maioria de tais filmes. “Gnomeu e Julieta” (2011) é mais um exemplar a confirmar essa regra. O fato de usar como base de sua trama uma das mais clássicas tragédias de Shakespeare até poderia fazer pressupor uma obra mais contundente na sua encenação, mas os elementos mais pesados do texto original são amenizados a tal ponto que acabam passando batidos pelas crianças. Há detalhes que conseguem colocar a animação um pouco acima da média, principalmente pelas suas sequências de ação (a corrida de máquinas de cortar é uma boa sacada), além do exotismo da trama se desenrolar em jardins domésticos e ter como personagens anões de jardim. A trilha sonora, composta basicamente por canções clássicas de Elton John, é outro ponto positivo de “Gnomeu e Julieta”. No mais, entretanto, navega-se em águas tranqüilas até demais, com o traço gráfico apresentando uma qualidade artística apenas regular (é eficiente, mas longe de ser brilhante), aliada a uma certa mesmice na caracterização de situações e personagens, com direito, inclusive, a indefectível seqüência final em que todas as figuras do filme ficam dançando. Ou seja, engraçadinho e anódino...
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