O prêmio de Oscar de melhor filme estrangeiro, assim como a Palma de Ouro em Cannes, sempre foi uma espécie de termômetro do que melhor estaria se fazendo fora do padrão de cinema comercial de Hollywood, ou se preferirem, daquilo que se pode chamar “cinema de arte”. É só pensar que filmes de diretores como Fellini, Bergman, Almodóvar, Truffaut e outros do mesmo calibre já foram contemplados com tal premiação. O fato da produção dinamarquesa “Em Um Mundo Melhor” (2010) ter recebido a honraria em questão na última edição do Oscar é um atestado de que alguma coisa anda estranha nesse lado mais, digamos, “artístico” do cinema. Em termos formais, tanto pela sua fotografia quanto edição, o máximo que se pode dizer que ele é bem feito. Uma narrativa competente, de temática politicamente correta, mas que não apresenta quaisquer ousadias estéticas ou temáticas. Parece que falar sobre um assunto “sério” de forma edificante caracteriza a grande subversão que uma obra cinematográfica pode atingir atualmente. “Em Um Mundo Melhor” também representa a descaracterização do cinema da própria diretora Susane Bier, que nas suas obras iniciais (“Corações Livres”, “Brothers”) apresentava elementos criativos que eram descendentes diretos dos preceitos naturalistas do Dogma 95, mas que com o tempo acabaram se convertendo em melodramas quadradões e pouco inspirados (“Depois do Casamento”, “Coisas Que Perdemos Pelo Caminho”).
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