sexta-feira, junho 10, 2011

Não Me Abandone Jamais, de Mark Romanek ***



Apesar de baseado em livro de autor cultuado, a verdade é que “Não Me Abandone Jamais” (2010) fará muita gente lembrar de “A Ilha” (2005) de Michael Bay. A premissa é quase idêntica: jovens clones que são criados em “agradáveis” cativeiros e que tem o destino de servirem como matéria-prima para transplantes de órgãos em suas “matrizes” humanas. As semelhanças, entretanto, param por aí. As abordagens de tais filmes são bastante diversas. Se na produção de Bay a opção se dá pela ação desenfreada, em “Não Me Abandone Jamais” o que prevalece é uma narrativa reflexiva, que beira o contemplativo. Paira um clima de inevitabilidade trágica, com o seu trio de protagonistas procurando soluções improváveis para sua condição. O diretor Mark Romanek apresenta uma moldura formal que acentua com sutileza essa atmosfera de desesperança que permeia o seu filme: fotografia esmaecida, edição sem sobressaltos, composições dramáticas do elenco baseadas em emoções contidas, trilha sonora de temas melancólicos. A direção de arte consegue captar com certa sensibilidade uma ambiência de ficção científica de tons retrôs, o que dá à “Não Me Abandone Jamais” uma estranha sensação de atemporalidade. E em tempos em que o gênero tem se limitados mais a delírios apocalípticos em aventuras a lá “Mad Max”, a obra de Romanek acaba soando como um esquisito estranho no ninho.

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