segunda-feira, fevereiro 25, 2013

As sessões, de Ben Lewin ***1/2


Há em “As sessões” (2012) uma intrincada combinação de elementos em sua trama, em que lirismo poético, sexo, culto apolíneo à beleza e beatitude religiosa se integram de forma insólita e consistente. A abordagem formal do diretor Ben Lewin é mais do que acertada: com um roteiro que em mãos menos sutis poderia render uma produção lacrimosa e genérica, o que se tem como produto final é uma obra singular. A emoção brota ao natural na encenação, mas quase nunca de forma manipuladora ou excessiva. Tendo um deficiente físico como protagonista, cujo maior ambição é a realização sexual, o filme envereda por um viés em que o hedonismo ganha uma aura que beira o sacro. As mulheres que circundam o personagem principal são retratadas a partir de um olhar que começa pelo objetivo e que aos poucos lhes dá uma dimensão quase mágica. É uma sensualidade um tanto esquisita justamente porque busca o seu encanto de um prosaico cotidiano. O efeito sensorial chega a ser desconcertante em alguns momentos. O grande clímax do filme está numa seqüência de sexo que envolve um orgasmo recíproco, que parece sintetizar o espírito criativo do filme – a consumação do ato sexual ganha uma certa dimensão épica tanto pela sua carnalidade quanto por uma transcendência espiritual. A jornada de descoberta do protagonista extrapola a questão dele ser deficiente – o que importa é a tradução do sexo dentro de sua particular ótica religiosa e lírica.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Pretendo ver essa semana