Há em “As sessões” (2012) uma intrincada combinação de
elementos em sua trama, em que lirismo poético, sexo, culto apolíneo à beleza e
beatitude religiosa se integram de forma insólita e consistente. A abordagem
formal do diretor Ben Lewin é mais do que acertada: com um roteiro que em mãos
menos sutis poderia render uma produção lacrimosa e genérica, o que se tem como
produto final é uma obra singular. A emoção brota
ao natural na encenação, mas quase nunca de forma manipuladora ou excessiva.
Tendo um deficiente físico como protagonista,
cujo maior ambição é a realização sexual, o filme envereda por um viés em que o
hedonismo ganha uma aura que beira o sacro. As mulheres que circundam o personagem
principal são retratadas a partir de um olhar que começa pelo objetivo e que
aos poucos lhes dá uma dimensão quase mágica. É uma sensualidade um tanto
esquisita justamente porque busca o seu encanto de um prosaico cotidiano. O
efeito sensorial chega a ser desconcertante em alguns momentos. O grande clímax
do filme está numa seqüência de sexo que envolve um orgasmo recíproco, que
parece sintetizar o espírito criativo do filme – a consumação do ato sexual ganha
uma certa dimensão épica tanto pela sua carnalidade quanto por uma transcendência
espiritual. A jornada de descoberta do protagonista
extrapola a questão dele ser deficiente – o que importa é a tradução do sexo
dentro de sua particular ótica religiosa e lírica.
Um comentário:
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