Tanto a estética quanto a temática dos filmes dirigidos por
Pablo Trapero passam por uma certa crueza – por vezes quase se aproximando do
documental, num estilo que evoca um forte naturalismo. Ainda que isso não
represente algo de especialmente novo, pelo menos se afasta do tom asséptico
que marca a grande maioria da produção argentina contemporânea. “Elefante branco”
(2012) confirma essa coerência autoral de Trapero. O roteiro busca a contundência
da denúncia social, mas não cai no puro panfletarismo – há espaço até para uma
dimensão intimista inquietante. A abordagem estética também não fica muito atrás
em termos de dureza. Trapero impõe uma objetividade seca num registro visual
que dispensa maiores rebuscamentos, mas sem cair naquele estilo desnecessário
de câmeras tremidas como se quisesse buscar um “cinema reportagem”. No cômputo
geral, “Elefante branco” não chega a ser uma experiência cinematográfica
especialmente memorável. Tem, entretanto, a capacidade inegável de estabelecer
uma narrativa tensa que prende o espectador.
Um comentário:
Tai um filme que to devendo comigo mesmo em assistir.
Postar um comentário