O diretor norte-americano Tim Burton não é um artista que
tem a necessidade de se renovar a cada trabalho. Seus filmes geralmente gravitam
em torno de algumas obsessões temáticas e estéticas, ainda que por alguma
eventualidade ele assuma uma produção mais comercial como “O planeta dos
macacos” (2001) ou “Alice nos país das maravilhas” (201). Em “Frankenweenie”
(2012), Burton confirma essa tendência – é a mesma coisa de sempre, mas
elaborada com uma classe fenomenal. O conceito da obra – a de um cão que é
ressuscitado como uma espécie Frankenstein canino – parece influenciar a própria
concepção do filme: cada detalhe narrativo soa como se fosse um pedaço/referência
de alguma obra influência de Burton ou de uma produção do próprio cineasta em
questão (tanto que o longa na realidade é a extensão de um curta do início da
carreira de Burton). Mas esse caldeirão de citações e reciclagens não revela um
homem estagnado com sua arte – na verdade, é apenas reflexo da sua coerência
autoral, além de revelar seu amadurecimento como cineasta (afinal, “Frankenweenie”
é uma experiência cinematográfica bem mais satisfatória que a animação anterior
de Burton, “A noiva cadáver”). Mesmo que possamos já ter visto cenas
semelhantes em outros filmes, ainda sim tais momentos em “Frankenweenie” conseguem
se revelar ora perturbadores, ora encantadores. A mistura das técnicas de
animação stop motion com uma ambientação gótica de toques irônicos gera uma
obra de raro arrebatamento visual, com uma trama lapidar na sua combinação intrínseca
e orgânica de conto de fadas, horror e aventura.
Um comentário:
É uma obra autoral dele. Atualmente Burton reveza em fazer super produções e filmes mais com a cara dele e acho que é um exemplo de como um diretor com uma visão pessoal como a dele funciona hoje em dia no cinemão americano.
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