Em seu filme a anterior, o extraordinário “O vencedor”
(2010), o diretor David O. Russell conseguia uma forte simbiose entre uma forte
trama baseada em fatos reais com uma abordagem formal bastante crua e
contundente. Em sua obra mais recente, “O lado bom da vida” (2012), Russell usa
uma abordagem estética semelhante, mas embalando um roteiro de típica comédia
romântica, ainda que com uns toques mais naturalistas. Esse descompasso
compromete a narrativa – por mais que o cineasta se esforce para emprestar
vigor para o filme, tudo acaba ficando preso à lógica de um formato bastante
convencional. Isso se reflete até mesmo nas boas interpretações de seus
principais atores: são caracterizações carismáticas, mas destituídas de maiores
profundidades. Apesar de tais considerações, “O lado bom da vida” está longe de
ser um mau filme, muito pelo contrário, é uma produção com algumas cenas memoráveis
e mostra a habitual classe artística de Russell como diretor. Mas é justamente
o passado expressivo dele como cineasta que deixa um certo gostinho de decepção.
Um comentário:
Mesmo sendo do mesmo cineasta, é até meio injusto comparar esse com o Vencedor, mas embora exista a previsibilidade, são as boas interpretações de um ótimo elenco que faz a diferença. Isso sem contar a forma elegante que O Russell filma determinadas cenas, onde sempre eu sentia uma suavidade e segurança no que ele focava.
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