quinta-feira, fevereiro 07, 2013

Magic Mike, de Steven Soderbergh ***1/2


Apesar de abordar o universo dos strippers, o cineasta norte-americano evita o escândalo fácil em “Magic Mike” (2012). Sua visão tende muito mais para uma certa sobriedade, tanto formal quanto temática, o que é quase uma constante na sua trajetória como diretor. Isso não quer dizer, entretanto, que ele enverede pela assepsia – seu sintético estilo de filmar permite a elaboração de uma atmosfera sensual e até bem humorada, principalmente nas seqüências noturnas e, em especial, nos espetáculos da rapaziada em ação. Nesse sentido, impressiona a capacidade de Soderbergh em extrair atuações convincentes e carismáticas de habituais canastrões como Matthew McConaughey e Channing Tatum. Além disso, “Magic Mike” apresenta uma tendência irônica a explorar alguns motes clássicos inerentes ao gênero de filmes em que um grande artista é substituído (ou passado para trás) por um pupilo talentoso, numa linhagem de produções que vai de “A malvada” (1950) a “Showgirls” (1995). Muito da essência do cinema de Soderbergh vem justamente desse aspecto: a de explorar clichês narrativos a partir de uma concepção formal particular, o que acaba resultando numa aura de estranhamento, ainda que uma impressão de familiaridade permeie sempre a sua obra.

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