Apesar de abordar o universo dos strippers, o cineasta norte-americano
evita o escândalo fácil em “Magic Mike” (2012). Sua visão tende muito mais para
uma certa sobriedade, tanto formal quanto temática, o que é quase uma constante
na sua trajetória como diretor. Isso não quer dizer, entretanto, que ele
enverede pela assepsia – seu sintético estilo de filmar permite a elaboração de
uma atmosfera sensual e até bem humorada, principalmente nas seqüências noturnas
e, em especial, nos espetáculos da rapaziada em ação. Nesse sentido,
impressiona a capacidade de Soderbergh em extrair atuações convincentes e
carismáticas de habituais canastrões como Matthew McConaughey e Channing Tatum.
Além disso, “Magic Mike” apresenta uma tendência irônica a explorar alguns
motes clássicos inerentes ao gênero de filmes em que um grande artista é
substituído (ou passado para trás) por um pupilo talentoso, numa linhagem de
produções que vai de “A malvada” (1950) a “Showgirls” (1995). Muito da essência
do cinema de Soderbergh vem justamente desse aspecto: a de explorar clichês
narrativos a partir de uma concepção formal particular, o que acaba resultando
numa aura de estranhamento, ainda que uma impressão de familiaridade permeie
sempre a sua obra.
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