terça-feira, fevereiro 26, 2013

O voo, de Robert Zemeckis ***


Há pelo menos dois bons motivos para se assistir a “O voo” (2012). O primeiro seria a sequencia do acidente de avião, logo no início do filme, um exercício notável cinematográfico de técnica e efeitos aliado a uma atmosfera poderosa de tensão. E o outro fator de atrativo para a obra seria o desempenho de Denzel Washington, numa atuação dramática que concilia com precisão carisma e intensidade. É de se considerar positivamente também nessa obra mais recente do diretor Robert Zemeckis um inquietante clima de ambiguidade moral a abordar temas polêmicos como culpa e uso de drogas. A abordagem formal de Zemeckis chama atenção, principalmente pela dinâmica bem executada de planos e enquadramentos que dão uma ambientação um tanto sufocante ao filme. Nesse sentido, a edição do filme reforça essa sensação, principalmente na forma com que encaixa a excelente trilha cancioneira roqueira nas cenas, configurando por vezes uma narrativa vertiginosa impregnada de hedonismo e tentativas de expiação. Todo esse panorama contraditório de “O voo” acaba esvaziado, entretanto, quando o roteiro envereda no seu final para uma conclusão moralista e estapafúrdia, revelando uma incômoda falta de sintonia com toda a proposta estético-formal que o filme havia usado como base.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Se o filme como um todo não funciona, pelo menos o desempenho dele e mais a cena do avião (espetacular), já compensa.