quinta-feira, maio 15, 2014

Pelo malo, de Mariana Rondón **1/2

A forma com que a abordagem pessoal e intimista se relaciona com o aspecto social-político é o ponto mais interessante da produção venezuelana “Pelo malo” (2013). Na trama de um garoto que quer alisar o cabelo para tirar uma foto familiar e é acossado pela mãe que teme que ele seja homossexual, o que faz com que o filme tenha uma atmosfera de tensão surda constante, a diretora acaba fazendo também um retrato marcado pela crueza do machismo e preconceito típicos de uma sociedade patriarcal latino-americana, além de configurar um retrato emblemático da Venezuela, país divido por conflitos ideológicos de classe e criminalidade violenta exacerbada. Por outro lado, é de se admitir que a visão sociológica da cineasta acaba se revelando mais contundente que o tratamento formal de sua obra – Rondon se mantém presa a uma estética tão árida que “Pelo malo” acaba não apresentando algum momento visual especialmente memorável. Ou seja, pode-se ficar intrigado pelo seu discurso, mas como cinema dificilmente permanecerá no imaginário do espectador.

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