A presença de Woody Allen
no elenco de “Amante a domicílio” (2013) pode até fazer supor que esse filme
dirigido e protagonizado por John Turturro seja algo assemelhado às comédias ou
dramas típicos de Allen, repletos das suas obsessões existenciais. Mas é apenas
impressão inicial, pois a obra em questão se enquadra muito mais numa vertente
de comédia romântica, ainda que com algumas nuances mais perversas
(provavelmente inspiradas na presença de Allen). O roteiro até pretende uma
certa ousadia ao abordar com ironia questões como a sexualidade na maturidade,
prostituição e dilemas filosóficos e morais. A resolução dos dilemas da trama,
entretanto, acabam se acomodando em convencionalismos temáticos que tiram muito
da força do discurso comportamental inicial do filme. Mesmo preso nessas
amarras de previsibilidade, não dá para ignorar o tom sereno e elegante da
direção de Turturro, cujo maior mérito está na sóbria condução dramática de seu
elenco, com o detalhe insólito de se ver o próprio Turturro num papel bastante
atípico em relação a sua trajetória como ator, já que o espectador se habituou
a vê-lo interpretando tipos esquisitões, sendo que em “Amante a domicílio” ele
se mostra bastante convincente na pele de um galã garanhão.
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