Quando lançou “Hellraiser” (1987), o escritor e cineasta
Clive Barker formatou algo de diferente no gênero horror, combinando um grafismo
exagerado de muito sangue e vísceras com uma estranha atmosfera baseada na
dicotomia prazer e dor. Ninguém conseguiu fazer algo semelhante, nem mesmo o próprio
Barker nas inevitáveis continuações da franquia. “O mestre das ilusões” (1995)
representa mais uma das tentativas de Barker em fazer algo de relevante no âmbito
do terror cinematográfico. Ele insere no roteiro algumas referências a cinema
noir, com um detetive de passado obscuro e conturbado, na linha de um John
Constantine menos cool e mais apalermado, que investiga um estranho caso
envolvendo a morte de um mágico e uma seita de adoradores de demônios. A
diversidade de elementos, entretanto, não faz com que a narrativa fuja de
alguns clichês incômodos e burocráticos – há algumas boas soluções estéticas,
mas no geral a obra se conduz por uma concepção tão formulaica que pouco lembra
aqueles climas de sexualidade distorcida e escatologias de “Hellraiser”. Por
vezes até consegue ser divertido, mas nada que seja especialmente memorável
para os apreciadores do gênero.
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