segunda-feira, junho 09, 2014

Eu, mamãe e os meninos, de Guilaume Gallienne **1/2


A produção francesa “Eu, mamãe e os meninos” (2013) representa uma trip pessoal em todos os sentidos para Guilaume Gallienne – dirigido, roteirizado e protagonizado por ele, o filme se baseia numa peça teatral também concebida por Gallienne, trabalho esse que tinha como linha narrativa elementos biográficos do próprio artista. A temática se concentra primordialmente sobre a questão da identidade sexual de seu personagem principal, homem que na juventude acreditava ser uma menina. O inusitado de tal trama mais se acentua pelo próprio tratamento formal e textual oferecido pelo cineasta, que envereda bastante pelo lado de um tipo de comédia que oscila entre a sutileza e o escracho. A encenação proposta por Gallienne também tem algo de atípico, pois não se liga a um viés puramente realista – há um certo tom exagerado na caracterização de situações e personagens, por vezes beirando o caricatural, com o próprio Gallienne (um ator já maduro) se interpretando na adolescência, além de assumir também o papel da mãe dominadora. O filme, em alguns momentos, tem um estranho encanto pela estética e temática propostas por Gallienne, até porque a questão da homossexualidade recebe uma visão de ironia desconcertante. No geral, entretanto, o tom de comédia ligeira assim como a frouxidão no encadeamento dos episódios do roteiro dão a “Eu, mamãe e os meninos” um impacto superficial e descartável – pode-se até se divertir com algumas seqüências do filme, mas nada que seja especialmente memorável para o espectador.

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