A temática de “Gerontophilia” (2013) pode sugerir que se
trata de algum exploitation: um rapaz homossexual com taras por homens idosos
vai trabalhar como servente em um asilo e lá tem um caso com um dos pacientes.
O tratamento formal proposto pelo diretor Bruce LaBruce, entretanto, dá ao
filme um caráter crepuscular e poético, tanto na direção de fotografia de tons
esmaecidos quanto na edição de talhe clássico. No debate do qual participou após
a exibição da produção no FANTASPOA o cineasta colocou que suas principais
referências estéticas na realização da obra foi o cinema norte-americano dos
anos 70, e isso fica bem evidente em cada fotograma de “Gerontophilia”. A plácida
morbidez e a atmosfera de estranha sensualidade remetem diretamente à
obra-prima “Ensina-me a viver” (1971) de Hal Ashby. Incomoda no filme de
LaBruce que a sua busca por uma certa limpidez na condução da narrativa acabe
gerando por vezes uma certa assepsia formal, assim como o lado perverso dos
desejos do protagonista acabem se resolvendo para a convencional direção de uma
love story. Mesmo assim, “Gerontophilia” merece uma conferida pelo inusitado de
sua temática e para elegância no filmar de LaBruce.
Nenhum comentário:
Postar um comentário