Catherine Deneuve se sobressaiu como mito cinematográfico
mais pela força da sua presença cênica do que pelos seus recursos dramáticos.
Assim, suas atuações mais marcantes sempre estiveram muito vinculadas à
genialidade de diretores como Truffaut (“O último metrô”), Roman Polanski (“Repulsa
ao sexo”) e Luis Buñuel (“A bela da tarde”) que souberam aproveitar a magnitude
de sua persona. Em “Ela vai” (2013), é bastante evidente que a diretora
Emmanuell Bercot, que está longe do brilhantismo formal e temático dos
cineastas mencionados, construiu uma narrativa que serve de suporte para o
carisma de Deneuve, com uma trama que alude ao dilema mais premente da carreira
da atriz (a da bela mulher que envelheceu e questiona o seu espaço na sociedade
perante a sua atual condição). O roteiro varia entre um drama de tons
naturalistas e a comédia de discretos toques irônicos, e por vezes até consegue
convencer na atmosfera crepuscular algo melancólica das desventuras da
protagonista Bettie (Deneuve). No terço final do filme, entretanto, tudo se
formata para moldes convencionais e de soluções fáceis, lembrando até as
conclusões bonitinhas de típicas comédias românticas norte-americanas. Ainda
assim, “Ela vai” ainda acaba valendo pela divertida e afetadíssima atuação do
garoto Nemo Schiffman e nas engraçadas cenas do almoço campestre nas suas
tomadas finais.
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