segunda-feira, junho 30, 2014

Que estranho chamar-se Federico: Scola conta Fellini, de Ettore Scola ***


A intenção de Ettore Scola em “Que estranho chamar-se Federico: Scola conta Fellini” (2012) não era de fazer uma cinebiografia marcada pelo alto rigor histórico e formal. O que o veterano diretor italiano tinha em mente era fazer mesmo uma simples e sincera homenagem ao seu mestre e amigo. Assim, a produção tem um jeitão informal e bem humorado, como se Scola tivesse recordado alguns episódios aleatórios numa mesa de bar. A obra mistura sem cerimônia recriações dramáticas e cenas de arquivo para compor um mosaico que beira o onírico, evocando o próprio estilo de criação do artista homenageado (o que fica evidente até nos temas musicais que remetem a melodias e arranjos clássicos de Nino Rota, o “trilheiro” favorito de Fellini) e que para os neófitos provavelmente vai dar aquela vontade de conhecer melhor os filmes cujos trechos são mostrados, além de oferecer lembranças agradáveis para os velhos fãs do criador de obras primas como “A doce vida” (1960) e “Oito e meio” (1963). Scola não esconde o forte caráter pessoal de sua visão, sendo que por diversas vezes ele mesmo aparece como personagem importante no filme. Por vezes, dá para dizer que a condução da narrativa dá uma impressão de um certo desleixo, mas na realidade isso se mostra em sintonia existencial com a atmosfera lúdica e bufona tanto do filme em questão quanto da filmografia de Fellini.

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