quinta-feira, junho 26, 2014

X-Men: Dias de um futuro esquecido, de Bryan Singer ***1/2


Dentro da mitologia nos quadrinhos dos X-Men, a saga “Dias de um futuro esquecido” foi fundamental e marcante por diversas razões. Além de ter sido a última história em conjunto da parceria Chris Claremont e John Byrne (a mais importante equipe criativa que já passou pelas revistas dos heróis mutantes), tal obra sintetizou de forma brilhante boa parte dos principais dilemas dramáticos que marcaram as tramas dos personagens e também delineou também algumas das temáticas que se tornaram bastante recorrentes não só para os X-Men, mas também para todo o Universo Marvel, principalmente no que diz respeito à questão das viagens no tempo. Dessa forma, acaba sendo uma surpresa bastante agradável assistir ao filme “X-Men: Dias de um futuro esquecido” (2014) e constatar a forma notável como o diretor Bryan Singer conseguiu preservar os elementos mais essenciais da trama original e concebeu uma obra de alcance universal, capaz de satisfazer tanto aos velhos admiradores dos gibis quanto aos neófitos que não conhecem os meandros infindáveis da cronologia dos quadrinhos. Para isso, Singer contou com um roteiro enxuto, em que não há um número excessivo de personagens em cena, o que permite desenvolver melhor a psicologia de cada um deles, e uma trama muito bem definida e que não se expande para muitas histórias paralelas. E não dá para deixar de creditar a tremenda bola dentro do roteiro com a sua solução final: o que poderia soar forçado e oportunista num primeiro momento acaba se revelando uma tremenda sacada que resolve algumas escolhas equivocadas de “X-Men 3: O confronto final” (2006). O cineasta também consegue conciliar com eficiência os tempos narrativos (presente e passado), além de estabelecer uma constante e perturbadora atmosfera sombria, fundamental na caracterização de um planeta à beira do apocalipse. E o que poderia parecer uma opção arriscada de investir numa narrativa que se concentra mais na interação dos personagens do que nas cenas de ação e nos efeitos especiais acaba se revelando mais do que acertada, dando uma dimensão dramática ainda maior ao filme. Isso fica evidente, por exemplo, no belo diálogo final entre as versões veteranas do Professor X (Patrick Stewart) e Magneto (Ian McKellen), um belo texto que resume com sensibilidade os conflitos existenciais que marcaram os X-Men desde a sua criação no início dos anos 60.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

O final foi definitivamente uma lavada na alma