quarta-feira, junho 25, 2014

Old Boy - Dias de vingança, de Spike Lee ***

Não considero que grandes filmes sejam obras sagradas que não possam de forma alguma receber uma nova versão. Se um diretor pode oferecer uma visão diferenciada numa adaptação, não há por que ficar bancando o fã xiita. No mais, cinema também é indústria e é quase inevitável se um produto deu certo num mercado que ele vá ser lançado em outra freguesia com uma nova roupagem. Assim, diante dessa breve argumentação, fico à vontade para dizer que eu guardava uma boa expectativa para a revisão norte-americana do sul-coreano “Old Boy” (2003). Primeiro porque a produção original é uma obra-prima, e segundo porque o diretor envolvido nessa versão seria Spike Lee. Além disso, mesmo o primeiro filme já era uma adaptação de uma HQ, sendo que dessa forma se poderia encarar a nova versão como mais uma visão sobre a mesma obra. O resultado final, entretanto, ficou abaixo do esperado. Não que “Old Boy - Dias de vingança” (2013) seja ruim. Longe disso. Dá até para dizer que por vezes o filme fique acima da média no que se faz atualmente no gênero ação nos Estados Unidos. Spike Lee tem ótima mão para as cenas de ação e não economiza nem um pouco na violência. O que incomoda nessa versão é a falta de uma efetiva tensão dramática. A narrativa pende muito para o exagero cartunesco, culpa de uma direção excessivamente operística de Lee – o virtuosismo exagerado do diretor em alguns momentos acaba jogando contra o filme, retirando muito das peculiares nuances dramáticas da produção coreana. E em se tratando de um filme de Lee, surpreende de forma negativa como o seu elenco no geral apresenta atuações tão canastronas (com exceção de Josh Brolin, que mesmo numa interpretação over mostra porque é um dos atores norte-americanos mais cativantes da atualidade).

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