quinta-feira, junho 12, 2014

Um terror de equipe, de Lloyd Kaufman ***


Assim como é capaz de perpetrar alguns constrangedores abacaxis cinematográficos, o diretor norte-americano também entrega por vezes algumas esquisitas pérolas. Neste último caso, dá para enquadrar “Um terror de equipe” (1999); obra que traz uma trama que usa até um mote bem conhecido, o do assassino misterioso infiltrado nas filmagens de uma produção que mata os seus integrantes, mas que surpreende pela carga metafórica que apresenta – a de uma verdadeira declaração de amor ao fazer cinematográfico, mais especificamente ao cinema independente de gênero. A encenação de Lloyd Kaufman aparenta um tom esculhambado, mas a narrativa tem um estranho encanto no seu misto de sordidez e anarquia. Os habituais exageros sanguinolentos e escatológicos da Troma estão todos lá, e se mostram fundamentais na configuração de uma atmosfera delirante para o filme. Kaufman sempre trafegou em sua carreira dentro de uma concepção ambígua, em que suas produções são formatadas como comédias, mas com toques de horror e sexualidade distorcida, causando um efeito perturbador ao espectador. Em “Um terror de equipe”, essa concepção particular de cinema se aflora com notável fluidez, fazendo do filme uma interessante excentricidade a ser descoberta.

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