Assim como é capaz de perpetrar alguns constrangedores
abacaxis cinematográficos, o diretor norte-americano também entrega por vezes algumas
esquisitas pérolas. Neste último caso, dá para enquadrar “Um terror de equipe” (1999);
obra que traz uma trama que usa até um mote bem conhecido, o do assassino
misterioso infiltrado nas filmagens de uma produção que mata os seus integrantes,
mas que surpreende pela carga metafórica que apresenta – a de uma verdadeira
declaração de amor ao fazer cinematográfico, mais especificamente ao cinema
independente de gênero. A encenação de Lloyd Kaufman aparenta um tom
esculhambado, mas a narrativa tem um estranho encanto no seu misto de sordidez
e anarquia. Os habituais exageros sanguinolentos e escatológicos da Troma estão
todos lá, e se mostram fundamentais na configuração de uma atmosfera delirante
para o filme. Kaufman sempre trafegou em sua carreira dentro de uma concepção
ambígua, em que suas produções são formatadas como comédias, mas com toques de
horror e sexualidade distorcida, causando um efeito perturbador ao espectador.
Em “Um terror de equipe”, essa concepção particular de cinema se aflora com notável
fluidez, fazendo do filme uma interessante excentricidade a ser descoberta.
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