O diretor canadense Atom Egoyan vem em suas últimas obras se
dedicando a uma espécie de reconstrução do cinema de gênero, mais
especificamente os filmes de suspense. Ele se apropria de clichês narrativos
típicos de “thriller” e procura os reconstruir sob uma sutil perspectiva
autoral. Na superfície, tais produções se apresentam dentro de uma formatação
tradicional. São em discretas nuances estéticas e na abordagem emocional
distanciada que tais trabalhos se mostram diferenciados e instigantes. Dentro
de tal concepção artística, alguns filmes se mostram bem sucedidos (“Verdade
nua”, “Sem evidências”) e outros ficam deixando a desejar (“O preço da traição”).
Em relação ao mais recente “À procura” (2014), dá para dizer que as coisas ficaram
em um meio termo. O que incomoda de forma primordial é a falta de uma tensão
mais efetiva e envolvente, decorrência provável de uma queda excessiva por
convencionalismos formais e temáticos. Ainda sim, Egoyan é um cineasta de
estilo pessoal e marcante, conseguindo em preciosos momentos deixar o seu
registro pessoal evidente, como se pode perceber na bela fotografia, na edição
elegante e na caracterização insólita de alguns personagens (principalmente os “vilões”)
– o conjunto dessas qualidades gera uma obra de atmosfera sórdida e
perturbadora, longe de ser uma obra-prima, mas que ainda assim consegue ser
memorável.
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