terça-feira, julho 21, 2015

Terapia intensiva, de Arnaud Desplechin **

É bem provável que aqueles que se admiraram com a encenação contundente e a ironia perversa de “Reis e rainha” (2004) e “Um conto de natal” (2008), os ótimos filmes anteriores do diretor francês Arnaud Desplechin, irão se decepcionar com “Terapia intensiva” (2013), a estreia de Desplechin numa produção norte-americana. A premissa da trama dessa obra mais recente, baseada em fatos reais, é até bem interessante, mostrando a relação entre um traumatizado índio veterano de guerra (Benicio Del Toro) e o psicanalista francês (Mathieu Amalric) de abordagem não-ortodoxa responsável pelo seu tratamento. O roteiro apresenta nuances psicológicas e intimistas amadurecidas e que fogem das obviedades. O que incomoda, entretanto, é que o filme peca justamente naquilo que os trabalhos franceses de Desplechin tinham de melhor – narrativa e encenação. O diretor adota um incômodo tom solene na forma com que conduz a história, quase como se fosse uma espécie de literatura filmada. Faltou vigor na forma com que as situações e personagens são caracterizados. Mesmo atores diferenciados como Del Toro e Amalric se congelam em composições dramáticas opacas, como se estivessem contaminados pela falta de criatividade e entusiasmo que perpassa a atmosfera de “Terapia intensiva”.

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