sexta-feira, julho 31, 2015

México bárbaro, de vários diretores ***1/2

O fato de “México bárbaro” (2014) ser uma obra composta de episódios dirigidos por nove cineastas praticamente não afeta em nada a sua unidade formal e temática. Sua síntese narrativa é baseada numa insólita e perturbadora equação artística: influências e elementos tradicionais de diversas vertentes do gênero horror (com uma queda especial para o grafismo explícito do gore), referências a lendas regionais e retrato pessimista do conturbado quadro social contemporâneo do México. De certa forma, faz lembrar bastante o que o capixaba Rodrigo Aragão vem fazendo aqui no Brasil. O resultado final dessa produção mexicana é arrasador, bem distante daquele padrão asséptico e óbvio que grassa na maioria do que tem sido feito no gênero nos últimos anos. Os episódios são plenos de brutalidade e de atmosferas sórdidas, sem abrir mão, contudo, de uma constante e consistente tensão dramática, levando o espectador para uma viagem sensorial memorável. Além disso, há variedade estimulante na ambientação das histórias, indo desde uma caracterização estética crua, beirando o bagaceiro, até um barroquismo plástico de toque perverso.

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