O fato de “México bárbaro” (2014) ser uma obra composta de
episódios dirigidos por nove cineastas praticamente não afeta em nada a sua
unidade formal e temática. Sua síntese narrativa é baseada numa insólita e
perturbadora equação artística: influências e elementos tradicionais de
diversas vertentes do gênero horror (com uma queda especial para o grafismo
explícito do gore), referências a lendas regionais e retrato pessimista do
conturbado quadro social contemporâneo do México. De certa forma, faz lembrar
bastante o que o capixaba Rodrigo Aragão vem fazendo aqui no Brasil. O
resultado final dessa produção mexicana é arrasador, bem distante daquele padrão
asséptico e óbvio que grassa na maioria do que tem sido feito no gênero nos últimos
anos. Os episódios são plenos de brutalidade e de atmosferas sórdidas, sem
abrir mão, contudo, de uma constante e consistente tensão dramática, levando o
espectador para uma viagem sensorial memorável. Além disso, há variedade
estimulante na ambientação das histórias, indo desde uma caracterização estética
crua, beirando o bagaceiro, até um barroquismo plástico de toque perverso.
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