domingo, janeiro 17, 2010

Ervas Daninhas, de Alain Resnais ***


Se em obras como “Noite e Nevoeiro” (1955) e “Meu Tio da América” (1980) predominam o rigor narrativo e estético, “Ervas Daninhas” (2009) aparenta uma certa frouxidão na direção de Alain Resnais. Os vintes minutos iniciais do filme chegam a ser irritantes nos excessos literários de uma voz em off e nas tomadas contemplativas quase gratuitas – Resnais provoca a paciência do espectador naquilo que o cinema francês pode ter de mais pedante. Com o passar do tempo, entretanto, a narrativa encaixa melhor, evidenciando uma comédia dramática em que a linguagem realista se dissipa progressivamente. Resnais não procura deixar clara a motivação de situações e personagens. Busca um estilo mais livre ao organizar imagens e a trama. O resultado final é curioso e envolvente. Grande parte da força de “Ervas Daninhas” também se concentra nas interpretações pouco naturalistas do quarteto principal de atores do elenco, em perfeita sintonia com as intenções de Resnais.

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