domingo, janeiro 17, 2010

O Solista, de Joe Wright **


Depois de realizar uma versão cinematográfica saudavelmente desrespeitosa de “Orgulho e Preconceito” (2005), Joe Wright tornou-se um nome a se prestar atenção. “Desejo e Reparação” (2007), seu filme seguinte, não estava no mesmo nível de sua obra de estréia, mas mesmo assim era uma produção de respeito, guardando bastante das qualidades de “Orgulho e Preconceito”. Diante desse quadro, a decepção em torno de “O Solista” (2009), trabalho mais recente de Wright é ainda maior. Toda a verve criativa de “Orgulho e Preconceito” que se traduzia em dinâmicos planos seqüência e em uma vibrante edição transformou-se em um estéril e gratuito exibicionismo técnico que parece não estar em sintonia com a própria trama objeto do filme. E não que a trama seja algo muito melhor – pelo contrário: o roteiro de “O Solista” é mal estruturado, com personagens rasamente caracterizados e situações desenvolvidas superficialmente, além de diálogos que parecem ter brotado de manuais de auto-ajuda. O elenco do filme também não ajuda, com Robert Downey limitando sua interpretação a trejeitos pretensamente “cool”, enquanto Jamie Fox afunda em pura afetação. No saldo final, “O Solista” é uma obra preguiçosa e esquemática, com Wright deixando de lado suas inquietações estéticas e realizando um produto destinado a platéias afeitas a dramas lacrimogêneos ou a ganhar alguma simpatia pelos votantes do Oscar.

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