domingo, janeiro 10, 2010

A Partida, de Yôjirô Takita **



Talvez o grande mérito de “A Partida” (2008) sejam os pequenos toques cômicos inseridos em uma trama que tem um mote mórbido: músico desempregado encontra trabalho como preparador de cadáveres para funerais. O inusitado da situação provoca realmente alguns momentos engraçados. A narrativa do diretor Yôjirô Takita tem uma fluência tranqüila e sem sobressaltos, o que até torna o filme uma experiência agradável no sentido que não se sente passar tanto as suas duas horas de duração. Ao mesmo tempo, isso talvez seja o grande problema de “A Partida”: tudo é redondinho demais e pouco ousado. A reflexão que se propõe sobre a morte é superficial e sentimental em demasia, pouco diferindo de outras produções lacrimosas norte-americanas do gênero. Takita, em termos formais, utiliza-se de fórmulas demasiadamente convencionais, como aquela seqüência em que mostra o passar do tempo enfileirando diversas cenas do protagonista trabalhando no seu ofício entrecortada com trechos dele tocando seu violoncelo – a edição até é eficiente, mas evidencia uma solução visual óbvia e descartável. Como saldo final, resta em “A Partida” a sensação de que o filme poderia ter aprofundado muito mais a discussão da sua temática bem como investido em uma linguagem cinematográfica menos vinculada a fáceis convenções – o que restou é uma obra preocupada com lições de vida e em amenizar a vida dos espectadores menos exigentes.

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