O fato de carregar um sobrenome tão emblemático para a história do cinema não passaria incólume para Sofia Coppola. Talvez pela influência paterna, em qualquer um de seus filmes pode-se perceber que ela sabe o que fazer com uma câmera. “Um Lugar Qualquer” (2010), entretanto, sugere que as influências da cineasta também se originam de outras fontes fundamentais, principalmente de Michelangelo Antonioni e Jim Jamursh. Do autor italiano, há aquele gosto por um intimismo existencialista que se configura em longos e silenciosos planos que buscam certo distanciamento emocional ao evidenciarem o vazio espiritual de seus personagens – com destaque, é claro, para o protagonista Johnny Marco (Stephen Dorff em atuação em que parece não estar interpretando, mas apenas sendo ele mesmo, o que acaba resultando em uma caracterização eficiente). De Jamursh, a pequena Coppola mimetiza o humor minimalista e árido extraído de situações ora dramáticas ora quase ridículas.
Apesar de todas estas refinadas referências, “Um Lugar Qualquer” acaba apresentando uma narrativa irregular ao buscar um excesso de sutileza e simbologia que no final das contas nem está em sintonia com a própria encenação elaborada por Sophia. Desde o início do filme está mais que evidente que Johnny Marco é um astro do cinema afogado em hedonismo fácil regado a álcool, sexo e luxo. Ao passar uns dias com sua filha Cleo (Elle Faning), percebe que sua vida carece de sentido mais substancial. É provável que o desejo de Sophia ao retratar Johnny de maneira letárgica em meio a sexo com beldades, stripteases exóticos, porres e ressacas intermináveis era buscar um proposital registro desapaixonado, o que faria com que o espectador visse os fatos pelo olhar entediado e sem perspectivas do protagonista. Esta frieza no filmar, todavia, acaba empalidecendo a própria ação do filme, tornando-o amorfo em alguns momentos.
Ainda que apresente tais problemas, é claro que “Um Lugar Qualquer” está muito longe de ser considerado um filme ruim. Apesar do excesso de planos estáticos, alguns deles apresentam enquadramentos que beiram o poético. E quando Cleo está em cena, a produção ganha uma vivacidade envolvente – as seqüências dela com Johnny fazendo brincadeiras pueris na piscina ou jogando videogame são particularmente memoráveis. Além disso, Sofia preserva o seu bom gosto na escolha e inserção de canções rock/pop em cenas marcantes. São tais virtudes que fazem com que “Um Lugar Qualquer” tenha um saldo geral decepcionante. Ficamos sempre com aquela impressão de que poderia ter sido muito melhor.
Apesar de todas estas refinadas referências, “Um Lugar Qualquer” acaba apresentando uma narrativa irregular ao buscar um excesso de sutileza e simbologia que no final das contas nem está em sintonia com a própria encenação elaborada por Sophia. Desde o início do filme está mais que evidente que Johnny Marco é um astro do cinema afogado em hedonismo fácil regado a álcool, sexo e luxo. Ao passar uns dias com sua filha Cleo (Elle Faning), percebe que sua vida carece de sentido mais substancial. É provável que o desejo de Sophia ao retratar Johnny de maneira letárgica em meio a sexo com beldades, stripteases exóticos, porres e ressacas intermináveis era buscar um proposital registro desapaixonado, o que faria com que o espectador visse os fatos pelo olhar entediado e sem perspectivas do protagonista. Esta frieza no filmar, todavia, acaba empalidecendo a própria ação do filme, tornando-o amorfo em alguns momentos.
Ainda que apresente tais problemas, é claro que “Um Lugar Qualquer” está muito longe de ser considerado um filme ruim. Apesar do excesso de planos estáticos, alguns deles apresentam enquadramentos que beiram o poético. E quando Cleo está em cena, a produção ganha uma vivacidade envolvente – as seqüências dela com Johnny fazendo brincadeiras pueris na piscina ou jogando videogame são particularmente memoráveis. Além disso, Sofia preserva o seu bom gosto na escolha e inserção de canções rock/pop em cenas marcantes. São tais virtudes que fazem com que “Um Lugar Qualquer” tenha um saldo geral decepcionante. Ficamos sempre com aquela impressão de que poderia ter sido muito melhor.
Um comentário:
Sua última frase do post já diz tudo sobre o filme. Foi a minha primeira real decepção com um filme da Sofia. E o fato dela ter escolhido o Stephen Dorff (que, pra mim, não tem nem cacoete de artista) como protagonista aumentou ainda mais o meu desânimo.
Cultura na web:
http://culturaexmachina.blogspot.com
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