O cineasta espanhol Fernando Trueba ganhou prestígio artístico mundial em 1992
quando lançou “Sedução”, obra que também lhe garantiu um Oscar na categoria
melhor filme estrangeiro. No referido filme, havia uma bem equilibrada mistura
entre a comédia irônica e o drama histórico para narrar as desventuras amorosas
de um vagabundo em plena era franquista. Em “A dançarina e o ladrão” (2009),
Trueba volta a abordar a temática da ditadura, só que dessa vez escolhe a
chilena do general Pinochet. Na verdade, a trama se desenrola logo após o fim
do período autoritário em questão, focando as conseqüências que a repressão
causou para os seus principais personagens. O cineasta apresenta uma certa
indecisão criativa: por oras navega no melodrama, em outros momentos flerta com
o realismo fantástico, até se aventura pelo thriller do gênero “grandes
assaltos”. Em nenhum desses direcionamentos o filme convence. Trueba não
apresenta a verve sarcástica de outrora, descambando por vezes para o dramalhão
excessivo, sem sutileza e moralista. Em termos formais, é uma produção
meramente competente, com uma estética no estilo “não fede, não cheira”. E
Ricardo Darin continua naquela sua sina: uma boa atuação desperdiçada no meio
de uma produção derivativa.
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