Esse é um daqueles comentários em que acabarei parecendo
repetitivo, mas a minha sensação em relação a “Habemus Papam” (2011) é a mesma
que tive sobre “Um método perigoso” (2011) – a premissa temática particularmente
promissora e um diretor marcado por um forte tom autoral formavam um conjunto
que criava uma inevitável boa expectativa. O resultado final é interessante,
mas aquém do esperado. Claro que o filme cativa pelo tom delirante de alguns
cenas, principalmente aquelas com religiosos em atividades inusitadas dentro do
Vaticano. Nesses momentos, a obra parece evocar algo do tom onírico de alguns
filmes de Fellini. O problema do filme está na frouxidão de sua narrativa, que
parece mais uma colcha de retalhos, remendando boas ideias soltas, mas que não
atingem um ponto de coesão entre elas. O roteiro de “Habemus Papam” é reflexo
da abordagem confusa de Nanni Moretti – há excelentes sacadas que combinam
humor crítico e densidade dramática, mas o encadeamento das cenas peca por uma
certa falta de coerência. Se a conclusão do filme impressiona pelo inesperado e
pela ácida ironia, por exemplo, também se revela incompatível com aquela seqüência
do Papa sendo “resgatado” na apresentação de uma peça teatral. No final das
contas, fica-se com a impressão de que Moretti se atrapalhou com o excesso de
boas ideias que teve....
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