Por mais que se possa reclamar de uma alegada
superficialidade e da pasteurização de boa parte dos blockbusters que dominam
as nossas telas, é de se convir também que uma fatia considerável do cinema
independente, pretensamente mais artístico ou experimental, também é adepta de
fórmulas estéticas e temáticas um tanto óbvias. A produção canadense “Curling”
(2009) é um bom exemplo desta última linhagem. A boa fotografia a registrar
paisagens rurais e gélidas, o distanciamento emocional da narrativa e a
caracterização excêntrica do elenco até formam um todo curioso e por vezes
envolvente. O saldo final deste minimalismo formal, entretanto, acaba gerando
uma obra que não arrebata em nenhum momento. Ainda que o diretor Denis Côté tenha
preferido manter um tom irônico que seja coerente com a proposta de fazer um
retrato seco e objetivo daqueles que fogem dos ocidentais padrões de
normalidade, isso também gera um filme que dificilmente permanecerá no imaginário
do espectador.
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