quinta-feira, junho 21, 2012

A toda prova, de Steven Soderbergh ***1/2


A escolha de Gina Carano, uma lutadora de MMA, para o papel de protagonista em “A toda prova” (2011) não tem um caráter apenas de dar mais realismo às sequências de embates físicos do filme. Tal opção estética do diretor Steven Soderbergh está em sintonia com a própria proposta conceitual e estética do filme. O cineasta emula um cinema descarnado, que se reduz ao essencial imagético da própria ação em si, lembrando obras como “O samurai” (1967) e “Viver e morrer em Los Angeles” (1985). Assim, o roteiro é composto por um fio de história (que por vezes se torna até um pouco nebulosa não pela complexidade, mas sim pelos seus “buracos”) e as interpretações do elenco beiram o caricato (em algumas vezes, Ewan McGregor e Michael Fassbender parecem que estão quase rindo diante da superficialidade de seus personagens). Assim, a produção parece um radical exercício formal de Soderbergh, que se embrenha nas minúcias de um rigoroso jogo de edição e fotografia. E nesse sentido, “A toda prova” é fascinante – as tomadas de lutas e de perseguições automobilísticas evidenciam um detalhismo notável no esmiuçamento da ação. Assim, Soderbergh se afasta do perfil do mero “contador de histórias”, voltando-se muito mais para o cinema como linguagem particular.

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