A escolha de Gina Carano, uma lutadora de MMA, para o papel
de protagonista em “A toda prova” (2011) não
tem um caráter apenas de dar mais realismo às sequências de embates físicos do
filme. Tal opção estética do diretor Steven Soderbergh está em sintonia com a
própria proposta conceitual e estética do filme. O cineasta emula um cinema descarnado,
que se reduz ao essencial imagético da própria ação em si, lembrando obras como
“O samurai” (1967) e “Viver e morrer em Los Angeles” (1985). Assim, o roteiro é
composto por um fio de história (que por vezes se torna até um pouco nebulosa não
pela complexidade, mas sim pelos seus “buracos”) e as interpretações do elenco
beiram o caricato (em algumas vezes, Ewan McGregor e Michael Fassbender parecem
que estão quase rindo diante da superficialidade de seus personagens). Assim, a
produção parece um radical exercício formal de Soderbergh, que se embrenha nas
minúcias de um rigoroso jogo de edição e fotografia. E nesse sentido, “A toda
prova” é fascinante – as tomadas de lutas e de perseguições automobilísticas
evidenciam um detalhismo notável no esmiuçamento da ação. Assim, Soderbergh se
afasta do perfil do mero “contador de histórias”, voltando-se muito mais para o
cinema como linguagem particular.
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